Frente aos atuais acontecimentos e diante da incerteza que estamos vivendo nesse período nevrálgico e inédito em nosso país – pelo menos neste século – uma reflexão será necessária muito em breve: como será nossa nova realidade escolar daqui pra frente? Podemos apenas afirmar que muitas coisas serão diferentes e desde já podemos apontar para algumas direções que se apresentam mais claras.

Quero aqui dedicar algumas poucas linhas a uma dessas direções: a tecnologia. Essa vem se apresentando como uma importante aliada na solução de problemas pedagógicos e burocráticos, sobretudo na atual conjuntura, pois precisamos recorrer a ela para garantir aos nossos discentes algum aprendizado, bem como o acesso a materiais e conteúdos diversos, o que se constata (e não há como negar) como mais próximo da realidade deles.

Entretanto, há um enorme vácuo entre o ideal e o real neste cenário. Nós professores ainda carecemos de formação apropriada e qualificada no tocante ao uso dessas ferramentas que a tecnologia dispõe. Não adianta mais relutar contra a modernidade pedagógica, ela está cada vez mais sendo sedimentada – de forma surpreendentemente espontânea – na realidade educacional e cotidiana dos estudantes. É por meio da tecnologia que parte dos alunos têm acesso a algum tipo de conteúdo nosso nesse momento de isolamento social e isso é de se considerar um enorme avanço.

Na contramão disso, há alguns problemas que não podemos de forma alguma desprezar. Existem, sim, alunos que não têm e nem terão em tempo hábil acesso às tecnologias da informação ou a recursos tecnológicos que proporcionem a eles essas possibilidades. Esta é a tão propalada inclusão digital se apresentando da forma mais real e necessária possível. Contudo, nesta quarentena, estes recursos são o fenômeno que está salvando nossos dias letivos e minimizando (de forma até então satisfatória) os inevitáveis prejuízos que a escolas como um todo terão.

É evidente que as tecnologias, a inovação pedagógica e as novas ferramentas educacionais causam um certo receio na instituição “Professor”, mas temos totais condições de dominar todo este aparato e – digo mais – de tornar toda esta seara nossa aliada indispensável, sabendo que ela jamais substituirá a relação “professor-aluno”, as aulas presenciais e a necessidade de formar ainda mais docentes, afastando por completo a possível ideia de precarização da nossa ação profissional. A tecnologia é mera coadjuvante; os protagonistas somos nós e os alunos.

Penso que está surgindo uma excelente possibilidade de pleitearmos novas formas complementares de fazer educação nas escolas, de recuperar faltas em momentos emergenciais e casos excepcionais, de qualificar nossos planejamentos em outros espaços que não somente a escola, de justificar – a partir da necessidade de aprovação do novo Fundeb, mais robusto e com mais recursos – bons espaços destinados à informática nos colégios, de apoiar a realização de concursos específicos para o LEI, de fomentar nossa participação em projetos auxiliares de EAD já existentes e sugerir novas ações complementares, de solicitar equipamentos mais modernos para nossos alunos, professores e gestores, de ter uma internet de qualidade em nossas unidades escolares, de possibilitar aos nossos alunos aulas em outros espaços fora da escola, enfim… de qualificar a educação para além dos resultados internos e externos. Para uma educação na concepção mais ampla da palavra!