A partida: Domingo à noite, trabalhadores cearenses de diferentes ramos sacrificam uma semana de trabalho para irem lutar contra os golpistas e suas reformas malditas.
A viagem: 40 horas na estrada. A cada parada, a solidariedade entre os companheiros só aumentava. Compartilhamos comida, remédio, mostrando que o socialismo é possível.
A chegada: Os sindicatos de Brasília abriram suas portas e nos alojaram em suas sedes, onde o espírito coletivo de cada ônibus se somou a caravanas vindas de outros estados.
A batalha: Foi a vez de reunir todos, 200 mil nas ruas de Brasília, caminhando e cantando, na luta por um país mais justo, por melhorias para aqueles que tudo constroem mas pouco utiliza.
O governo golpista: Tratou em acabar a festa, lançando bombas de gás, dando tiros de balas de borracha e partindo pra cima da multidão com toda a agressividade possível.
As centrais sindicais: Evitaram um massacre, ao pedirem o recuo e a volta dos trabalhadores aos ônibus. Se não tivéssemos recuado, hoje estaríamos contando os mortos.
E eu: Estava lá, com um pouco de medo, uma sensação de impotência e ao mesmo tempo com vontade de ir pro confronto, mesmo sabendo que era arriscado demais. Mas não desistimos, travamos uma batalha, e nos mantivemos intactos para a próxima. Só a unidade da classe trabalhadora será possível derrotar o golpe de forma definitiva. Pelo que vi em Brasília, estes estão dispostos a lutar.
Mikaelton Carantino – professor da rede estadual e representante de Fortaleza na diretoria do Sindicato APEOC