Mais uma vez o governo estadual contribui para o acendimento da chama da revolta entre os professores. Em um momento em que poderia se empenhar no resgate do dialogo com os professores, ao contrário, parece querer demonstrar que isso de modo algum lhe interessa. Agora achou de impor a reposição das aulas em julho, ferindo o gozo das férias não só dos professores como dos alunos também.

Mas o que tem esse governo afinal? Que espécie de desequilíbrio lhe afeta impedindo-o de estabelecer uma relação cordial com seus servidores? Será sadismo, ou outro tipo de perversão ainda não identificada pela ciência do comportamento? Não seria mais interessante que o governador Cid Gomes se empenhasse em sarar as feridas abertas no recente confronto com a categoria em lugar de lhe arremessar o sal que a tornará mais viva e dolorida, transformando-a numa “ferida braba” incurável?

É bom lembrar que os professores estavam exercendo o direito constitucional de greve e não gozando suas, mais do que merecidas, férias. Muitas vezes o esforço de greve é bem mais desgastante do que as jornadas rotineiras de trabalho. Normalmente acompanhado de altas doses de adrenalina que elevam o nível do stress a parâmetros preocupantes.

Não é tempo de vingança e retaliação e sim de buscarmos a retomada de um diálogo racional que nos permita superar as dificuldades que afligem a educação em nosso estado e no Brasil.

Demissões

Alguns andaram  “cantando a pedra” de uma possível onda de demissões de professores grevistas pelo governo do Estado. Pelo que sabemos nunca aconteceu fato dessa natureza em nossa história de movimentos paredistas dos trabalhadores em educação no Ceará . É bom lembrar aos companheiros que se propuseram a dar continuidade à greve dirigindo-a no sentido do vazio que criar um factóide como esse visando alimentar a revolta na categoria é perigoso, irresponsável e  mais parece uma sugestão ao governo, no sentido de que adote essa prática.

Alguém já disse que “os extremos se tocam” e quem busca o estado do “quanto pior, melhor”, para se promover e aparecer pode estar pavimentando o caminho do desastre para muitos. Só podemos lamentar o comportamento de certos companheiros que se propõem a ser dirigentes das lutas da categoria estimulando-a no sentido do radicalismo, mas busca se salvaguardar pessoalmente em detrimento do risco que correm os demais que se deixam levar por sua orientação demagógica.

Tomei conhecimento que uma determinada dirigente de uma das correntes políticas que compõem o consórcio das oposições estava na unidade escolar em que trabalha, solicitando de sua diretora que esta retivesse o envio de suas faltas solicitadas pela SEDUC.

Quer dizer então que os outros que não contam com a amizade de seus diretores, podem ser punidos sem que isso afete a consciência dessa companheira? A categoria precisa tomar muito cuidado para não se deixar levar por certos dirigentes irresponsáveis que insistem em vender seu peixe podre em fim de greve a preço de piaba sem avaliar o custo do tratamento para a infecção intestinal que acometerá o freguês desatento.

Fábio Lopes
Dirigente do Sindicato APEOC