Varias são as causas, os motivos e as conseqüências que ocasionam a falta de professores nas redes públicas da educação básica em todas as disciplinas, principalmente Matemática, Física e Química.

Um dos principais motivos da carência, da falta de professores nas redes públicas estaduais e municipais é a falta de concurso público com periodicidade e amplitude necessárias para suprir essas carências toda vez que a carência de professores na rede estadual ultrapassar os 10% do seu total, como manda a Lei.

Atualmente existe um número alarmante de professores temporários, chegando a mais de 300 mil professores contratados temporariamente, precariamente. Destes, 45% são da rede de ensino estadual do Ceará, 53,5% da rede estadual de Minas Gerais, 48,8% da rede estadual de Mato Grosso e 47% são da rede estadual de São Paulo.

Aqui no Ceará, apesar de ter sido feito um concurso público recentemente e terem sidos nomeados 3.068 professores aprovados e considerados aptos para lecionarem, ainda permanece 8.189 professores temporários na rede estadual do Ceará, o que corresponde a 34% do total de professores da rede.

E como agravantes desta situação 20% desses temporários não possuem habilitação de nível superior e a sua remuneração, o seu salário está entre os seis piores salários do Brasil.

Enquanto em Brasília, um professor ganha R$ 16,13 por hora-aula, aqui no Ceará o valor da hora-aula é R$ 6,63.

Este é um quadro caótico que denigre a vida profissional do educador.

Essas formas de contratações temporárias, feitas de formas variadas, mudando de ano para ano, provocando uma rotatividade dos docentes entre as diversas unidades escolares, promovendo o estresse e a insegurança total desses profissionais.

A atuação do professor em diversos turnos, de modo a compor a sua jornada de trabalho, assumindo em muitos casos um total de 500 alunos ou até mesmo 1.000 alunos em diversos turnos, tem tornado o seu trabalho extremamente desumano e desgastante. Somando-se a isso, o elevado número de alunos em cada sala de aula e as condições sofríveis e precárias de trabalho.

Os professores de todo o Brasil deveriam ser encarados como profissionais qualificados e valorizados, como cidadãos, pai e mães de família que necessitam e devem fazer jus a um salário digno.

Infelizmente são tratados pelos governantes como bóias-frias da educação, em sua grande maioria, trabalhando sem as menores condições de trabalho e pela mais básica sobrevivência.

Apesar dos professores serem os profissionais mais necessários para uma nação, preparando o seu povo para o trabalho e para o exercício da cidadania eles são extremamente massacrados.

É triste, é ridículo saber que estes profissionais estão entre os mais mal pagos e desvalorizados deste país, com seus direitos trabalhistas negados e usurpados.

Infelizmente, as péssimas condições de vida, trabalho e salário tem provocado a migração de professores para outras profissões.

Recentemente a indústria e o setor de serviços, em expansão, têm oferecido novas oportunidades, com salários mais dignos, para os profissionais de nível superior nas áreas de Ciências e Exatas.

A Carreira do Magistério, tal como está constituída hoje na maioria das redes de ensino não é atrativa e nem oferece atrativos para nenhum profissional. Sua base salarial é extremamente baixa, ainda mais agora, com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, que entende O Piso Salarial Profissional do Magistério como sendo a soma de todas as gratificações, limitando os mecanismos de evolução e castrando os níveis salariais.

Necessário se faz; construir uma carreira atraente para o Magistério, com evolução profissional e salarial de modo a valorizar o trabalho do educador em sala de aula, permitindo o avanço aos níveis salariais mais elevados sem deixar de ministrar aulas para assumir outras funções como o de diretor de escola ou supervisor de ensino.

Sabemos que não existe processo educativo sem o professor. Ele é o centro de todo o processo educacional, e para garantir o ensino de qualidade necessário se faz uma política de valorização social, salarial e profissional do magistério.

Paulo James Queiroz Martins
Representante da APEOC em Maranguape