Estamos chegando à época do ano em que todas as contendas futebolísticas assim como as paixões afloradas pelos times de nossa região são deixadas de lado e passamos a observar o famoso país ” calçando chuteiras”, revivendo como dizia a canção do passado: o ”  virar casaca é coisa muito natural “. O fator copa do mundo não só passa a ocupar espaço nas nossas conversas, como também nas nossas relações cotidianas em sala de aula, quando temos que compartilhar com nossos alunos, não só expectativas, álbuns de figurinhas e a também a beleza dos belos e caros uniformes que a cada instante, embelezam as lojas dos shoppings, como também as calçadas repletas de camelôs , de nossa cidade.

E o que a copa tem a nos ensinar e levar para a sala de aula? É isso que vou tentar explicar. Sou do tempo do televizinho, coisa que talvez muitos dos nossos companheiros mais jovens, no cotidiano da escola, provavelmente não tenham nem ouvido falar. Mergulhávamos em sucessivas crises econômicas, puxadas por governos inescrupulosos, que não permitim que o trabalhador pudesse pelos menos, desfrutar de um novo modelo de tv para curtir tão badalado evento. O advento da tv colorida nos vinha como um sonho distante e muitas vezes, difícil de alcançar. As empresas que fabricavam as tvs começavam a vender as mesmas, até em consórcios infindáveis, que se perdiam de vista, com suas mirabulosas e longas prestações, sendo talvez a única saída para realizarmos o sonho de vermos nossos ídolos com mais nitidez e colorido. Porém, uma coisa podemos destacar: A campanha midiática sempre foi eficiente e fazia com que por um momento esquecêssemos os reais problemas e passássemos a viajar no sonho de ouro da copa: “70 milhões em ação pra frente Brasil, salve a seleção”. E o que dizer sobre o que acontece hoje

Esse governo golpista  que hoje se encontra no poder, não só nos tirou esse mix de alegria e prazer,embora fabricado, como nos enterrou numa triste realidade não vivida, há muitas copas. A escassez de recursos, a péssima expectativa de futuro que se apresenta e o congelamento de recursos, devem ser apresentados, analisados e demonstrados em nossas salas de aula , para que possamos entender, juntamente com nossos alunos, que nossa economia não caminha às mil maravilhas como dizem, que o descrédito pelas instituições políticas e pelas eleições é bastante prejudicial, pois potencializa a chegada ao poder daqueles que tem mais dinheiro e que esse péssimo momento do país está refletindo na tristeza em que se encontra nossa nação. Em sala de aula, devemos ressaltar que um país só pode realmente ser feliz, quando aquilo sobre o que se fala na mídia, condiz com a realidade em que vivemos. A estagnação da nossa economia, a privatização de nossas empresas e  precarização dos serviços públicos, são talvez o principal motivo para ainda não termos embarcado nessa onda de ” pseudo alegria “. No mais,  mais distantes desta triste realidade, que assola o nosso país, poderemos   trabalhar em sala, questões linguísticas, geográficas, econômicas e culturais trazidas com a copa  potencializando a mesma, como um momento de união e confraternização das nações e talvez da tão sonhada união entre os povos. Sonho esse que só o esporte pode trazer.

Marcos Costa – professor e diretor do Sindicato APEOC