A idéia das chamadas “gestões participativas” surgiu na Grécia Antiga, após a organização das primeiras cidades e com seus moradores aflorou desejo de ser livre para tomada de decisões em coletivo. Portanto, as ações administrativas passaram a ser implementadas após referendum do povo, definindo o que seria prioridade em busca do melhor para o conjunto da sociedade. Recentemente, o tema “gestão participativa” reacendeu nas palavras dos nossos gestores públicos que se auto-identificam de “esquerda”, prometendo que se eleitos permitiam que o povo decidisse, em comunidade, o que deve seria prioridade nas ações de governo.

Esse renascer do modelo grego de administração pública coletiva estimulou entre nós muitas promessas eleitorais na busca da conquista de votos dos menos, politicamente, esclarecidos.

A atual prefeita de Fortaleza, professora Luizianne Lins, incluiu em sua plataforma eleitoral a promessa de uma administração com “gestão participativa”. No seu primeiro mandato fez ensaio dessa “gestão participativa” na área da educação, com a promoção de eleições diretas para escolha dos diretores de escolas, eleitos pelos professores, servidores, pais e alunos. Infelizmente, a prefeita de Fortaleza excluiu desse projeto os demais integrantes dos Núcleos Gestores, aproximadamente, mil cargos comissionados preenchidos não por pessoas eleitas pela comunidade, mas por critérios políticos. Com isso promoveu apenas uma meia “gestão participativa”.

Eleita para um segundo mandato, a professora Luizianne Lins rompeu definitivamente com o projeto “gestão participativa”. Não realizou mais eleição para diretores nem para os Núcleos Gestores das unidades escolares. Um retrocesso na área educacional e no projeto político de administração popular.

O Sindicato – APEOC não silenciou e esta semana formalizou, em ofício, à secretária de educação da prefeitura de Fortaleza, Ana Maria Fontenelle, cobrança sobre a promoção de eleições diretas para todos os integrantes dos Núcleos Gestores nas escolas municipais, com preenchimento dos mais de mil cargos comissionados, pois o critério de indicação política fere não somente uma legalidade já institucionalizada como as promessas da então candidata à prefeitura de Fortaleza.

Qualquer persistência da prefeita Luizianne Lins em não realizar eleição direta na comunidade escolar é explícita ofensa aos trabalhadores em educação e grave rejeição ao seu próprio projeto de “gestão participativa”, assim como é abandono dos princípios democráticos de valorização da comunidade escolar, além de esquecer o que prometeu em campanha eleitoral: “administração participativa”.

Esquecer o que promete é um grave erro político dos gestores públicos. Um dia a sociedade pode deixar de ser omissa, e quem sabe, expurgar, radicalmente, esses seus pseudo-representantes.

Opinião do Sindicato – APEOC em editorial.