O presente artigo propõe-se a analisar a convivência democrática no cotidiano escolar, partindo dos pressupostos de uma gestão participativa com os segmentos escolares, pais, alunos, professores, funcionários, diretor e comunidade local. Analisando as entrevistas coletadas dos segmentos citados, verificamos os resquícios repressores que a escola ainda vivencia em suas relações, e as posturas autoritárias presentes nas ações dos agentes escolares, que entravam a democratização do espaço escolar, das discussões e deliberações coletivas. Almejamos contribuir no processo de fomentação de uma gestão participativa e democrática, como um aprendizado a partir do exercício cotidiano, experenciando possibilidades a partir de várias perspectivas. Entendendo democracia no sentido político, significa que toda pessoa tem direito de participar das discussões e deliberações públicas. A escola é um espaço por excelência da vivência democrática, onde se dissemina os questionamentos, críticas, reivindicações, embates teóricos e conflitos diversos que geram um novo pensar em fazer educação, um novo gestar da participação democrática. Sendo assim, a escola não é mais a detentora do conhecimento, e sim, a fomentadora de conhecimentos que são construídos e compartilhados, devendo abrir-se para novos diálogos e diversidades multiculturais. Na metodologia realizamos pesquisa bibliográfica, observação participante, análise de dados colhidos a partir de entrevistas e questionários realizados com a comunidade escolar. Todos os segmentos entrevistados vêem de forma limitada a participação da comunidade, que se restringe às festas comemorativas; tal visão reforça a idéia de que não existe gestão participativa e democrática, uma vez que as decisões pedagógicas, administrativas, financeiras e educativas não ocorrem com a participação efetiva de pais, alunos, funcionários, professores e comunidade local. Podemos perceber pelas entrevistas dos segmentos escolares, que ainda não existe uma gestão democrática, somente alguns indícios de sua gestão no seio escolar. Sabemos quão importante é a postura do gestor que ora freia ora impulsiona o movimento da abertura democrática na escola. Neste caso há indícios de que o diretor dificulta a vivência democrática, por não ouvir todos os segmentos, excluindo-os das discussões e decisões sobre as questões educativas, administrativas, financeiras e pedagógicas. Outro fator que dificulta o processo é o fato do diretor ser escolhido por indicação política, pois muitas vezes ele fica atrelado aos interesses e compromissos políticos, desconsiderando as necessidades e anseios da comunidade escolar e local. Observamos que não existe convivência democrática no cotidiano escolar, no máximo existem algumas consultas realizadas pelo diretor, muitas vezes para que suas decisões sejam acatadas e legitimadas por todos, dando a entender que houve democracia pelo simples fato de “consultar” (de forma coagida) se aceitam tais decisões. Sabemos o quão difícil é gestar um novo jeito de fazer escola e escola de forma democrática. Mas é preciso começar a aprender saber ouvir as pessoas, ouvir as opiniões, garantir o uso da palavra a todos, respeitar as decisões tomadas em grupo, submeter o trabalho desenvolvido na escola às avaliações da comunidade e dos órgãos colegiados ou tornar o espaço escolar aberto à comunidade local. Contudo, já está mais do que na hora de aprendermos, na prática, a construirmos uma gestão participativa com o envolvimento da comunidade escolar e local, para que possamos vivenciar a democracia em nosso cotidiano escolar.

Maria Sângela de Sousa Santos Silva


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