diario-especialista defende servico pisicologicoProfessores de escolas públicas estão inseridos no sofrimento de um grupo, que inclui alunos e suas famílias, alerta psiquiatra

Para médico, problema dos professores faz parte de um quadro complexo de questões econômicas e sociais

Os problemas decorrentes do ambiente estressante são incluídos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) na classificação internacional de doenças, lembra o psiquiatra Orlando Monteiro. Para ele, a problemática vivenciada pelos professores está inserida em um quadro complexo, no qual se destacam questões econômicas, sociais, desajustes familiares, uso de drogas e banalização da violência. “Em Medicina, costumamos cuidar não apenas do doente, mas também do contexto no qual ele está inserido”, frisou.

Os professores da rede pública, via de regra, fazem parte do sofrimento de um grupo, que inclui os alunos e a sua família, “que, muitas vezes, não consegue educar seus filhos e passa para a escola essa tarefa”.

O psiquiatra reconhece que o estresse, a angústia, a ansiedade e, até mesmo, o pânico estão inseridos no dia a dia de muitos educadores da rede pública de ensino. “É preciso fazer um trabalho mais amplo com a sociedade e estudar estratégias que permitam esses profissionais exercerem o seu trabalho”, comentou o especialista.

O médico também propôs a criação de um serviço de assistência psicológica para esses professores, “pois há situações nas quais não bastam o afastamento temporário ou a transferência para outras funções”.

Preocupação

O presidente do Sindicato dos Professores e Servidores da Educação do Ceará (Apeoc), Anísio Melo, cita que a entidade já solicitou às redes municipal e estadual de ensino um debate sobre os números relativos ao afastamento de professores da sala de aula. “Devemos analisar as causas e procurar a solução”.

Segundo ele, na categoria, vem sendo identificados, principalmente, problemas de voz e um grande número de doenças psíquicas, tais como estresse, depressão e a Síndrome de Burnout, que é um distúrbio psicológico ocasionado pelo esgotamento físico e mental. “A carga horária excessiva – manhã, tarde e noite -, a falta de valorização profissional, os conflitos e violência nas escolas motivam as licenças médicas”, observou o presidente da Apeoc.

A situação resulta na contratação na rede pública de professores substitutos. Anízio Melo informa que, na rede estadual de ensino, atuam, aproximadamente, 23 mil professores. Contudo, desses, 11 mil são temporários. No Município, são cerca de 10 mil educadores, dos quais 4 mil possuem contratos de prestação de serviço.

Fonte: Diario do Nordeste