Unidades públicas de Ensino Fundamental e Médio têm sido alvo de assaltantes com cada vez mais frequência
Num dia, o professor é assaltado na porta da escola, no outro, os computadores são roubados. Como se não bastasse, o colégio vizinho é invadido várias vezes em menos de um mês. Essa situação, de medo e insegurança, vem se repetindo com frequência, em várias escolas municipais e estaduais. Tanto que o Sindicato dos Professores do Estado do Ceará (Apeoc) realizou, ontem, na Assembleia Legislativa, uma audiência pública para discutir o problema.
Após ter feito, a pedido de professores e diretores, visitas a sete escolas em menos de um mês para constatar a situação, a entidade convocou gestores públicos de várias áreas para pensar estratégias de ação e enfrentamento à insegurança dentro e fora dos muros das escolas.
Durante a reunião, o tesoureiro da Apeoc, Anísio Mello, informou que as escolas Teófilo Girão, Creche Filgueiras Lima, Edilson Guimarães, Bernadeth Oriá, Josefa de Alencar e Infante Rosalina, estão entre as que apresentaram, recentemente, casos graves de violência. A maior parte está na área que pertence à Secretaria Executiva Regional (SER) VI.
Há algumas semanas, três escolas municipais foram alvos da ação de bandidos. Na primeira, no Conjunto Palmeiras II, um homem foi preso ao comercializar drogas em frente a uma unidade de ensino. Outra, situada no Barroso II, foi invadida por um grupo armado que fez professores, funcionários e alunos reféns e roubou todos os pertences das vítimas. Na Escola Municipal Francisco Andrade Teófilo Girão, no Barroso, funcionários, professores e alunos também foram surpreendidos por assaltantes armados.
Incidência
Com tantos casos de violência em escolas, as equipes da Ronda Preventiva Escolar (Rope), da Guarda Municipal, estão sendo convocadas repetidas vezes para intervir em muitas, das 409 escolas de Ensino Fundamental e Médio da Capital.
Entretanto, são apenas quatro equipes diurnas e duas noturnas para atuar em todas as Regionais, revela a subinspetora Cristiane Correa, comandante do Pelotão Rope. De acordo com ela, a maioria das escolas públicas está situada em áreas de vulnerabilidade social, em locais onde falta, inclusive, urbanização adequada.
“As políticas públicas de enfrentamento à questão precisam dar conta também de outras esferas, como cidadania, esporte e lazer. Tantas vezes a escola representa a praça que está faltando, outras serve até de cartório para casamentos”, destacou Cristiane. A subinspetora mencionou a necessidade de engajamento dos diretores de escola no registro de demandas. Segundo ela, foi criado, em 2007, um instrumento de comunicação entre a Guarda Civil e as escolas, mas que pouco tem funcionado. “Todas as escolas receberam treinamento para informar eletronicamente sobre as ocorrências, mas são poucas as que utilizam o sistema”.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste, 17-06-2010. Caderno Cidade