Segundo especialistas, não basta o Estado investir em grandes obras. É preciso dar atenção aos serviços sociais
Educação de qualidade é vista como uma das prerrogativas obrigatórias para o desenvolvimento
Para que o Estado realmente cresça de forma mais equilibrada e os polos consigam se desenvolver de forma autônoma, a atração de empresas e as construções de grandes empreendimentos em pontos estratégicos do território não serão suficientes. “Não basta apenas criar esses polos, pois podemos simplesmente criar enclaves econômicos, de baixos efeitos de encadeamento a nível local. Isso, naturalmente, não vai levar a mudanças estruturais da economia do Estado“, analisa Adriano Sarquis, economista e professor de Economia da Universidade de Fortaleza (Unifor).
Ele defende que o desenvolvimento do Estado está muito além apenas da dimensão econômica. Problemas de natureza social & como falta de moradias, saneamento e educação & precisam ser resolvidos paralelamente. “Além disso, temos graves problemas de natureza institucional, associados, principalmente, com a baixa capacidade de gestão pública na maioria dos municípios do Estado“, completa.
Como sugestão, ele afirma que o Governo do Estado deveria investir de forma mais incisiva nas gestões municipais, contribuindo, inclusive, para o surgimento de lideranças políticas mais competentes.
Na linha de pensamento, o professor Flávio Ataliba Barreto, que coordena o Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP), considera que os grandes empreendimentos podem dar uma nova dinâmica ao Interior do Estado. “A grande necessidade do Governo é gerar renda na zona rural. E é importante que esses polos de desenvolvimento sejam conectados e adaptados às vocações locais“, destaca.
Entretanto, ele afirma ser fundamental se investir fortemente na qualidade do ensino público. “Se você analisa as condições de pobreza do Interior, ou a alta desigualdade, observa que ela está ligada ao baixo nível de escolaridade das pessoas“, sublinha.
Com isso, ele afirma ser estratégico que o processo de criação e consolidação dos polos regionais seja complementado com investimentos no ensino infantil e fundamental. “Os prefeitos precisam ter atenção para isso. A qualidade da educação na primeira infância é que determina a produtividade do indivíduo. Equipamentos sozinhos não geram riqueza, produtividade. Eles são melhores aproveitados com mão-de-obra qualificada“, defende.
Para que essa educação surta efeitos, o economista acredita que os governos federal e estadual devem pressionar os prefeitos para que tenham responsabilidade e ofereçam ensino de qualidade. “Você só reverte a pobreza com estrutura educacional de ótimo nível. Não adianta investimentos nas universidades, centros tecnológicos, se a escola pública não for de boa qualidade“.
Fonte: O Povo, 22 Maio 2010. (Foto: EDIMAR SOARES)